Segundo levantamento sobre perdas por eventos extremos, pelos menos 11.500 pessoas morreram e houve prejuízos de US$ 375 bilhões em 2017, o ano campeã em perdas relacionadas ao clima
Giovana Girardi
O Estado de S.Paulo
Eventos extremos como secas e chuvas intensas, com deslizamentos de terra, têm sido cada vez mais frequentes no Brasil e já deixam o País numa situação mais vulnerável em termos de perdas. É o que mostra a nova edição do Índice Global de Risco Climático, elaborado pela organização Germanwatch e lançado nesta terça-feira, 4, na Conferência do Clima da ONU que ocorre em Katowice (Polônia). O Brasil subiu dez posições no ranking de países mais impactados por eventos climáticos extremos, passando de 89º para 79º em 2017, na comparação com 2016.
O ano passado, de acordo com o levantamento, foi o campeão em perdas relacionadas ao clima. Pelo menos 11.500 pessoas morreram em decorrência de eventos climáticos extremos, que levaram a prejuízos de cerca de US$ 375 bilhões. O principal vetor das perdas e danos foi a temporada de furacões particularmente forte que atingiu o Mar do Caribe. Tanto que Porto Rico e Dominica foram os países que, respectivamente, ocupam o primeiro e o terceiro lugar no ranking. Ambos foram fortemente atingindos pelo furacão Maria, um dos furacões que mais causou mortes e prejuízos já registrados.
"Tempestades recentes com níveis de intensidade nunca antes vistos tiveram impactos desastrosos", afirmou David Eckstein, da Germanwatch, principal autor do índice, em comunicado distribuído à impresa.
O segundo país no ranking foi o Sri Lanka. Lá, chuvas excepcionalmente fortes causaram inundações que mataram 200 pessoas e deixaram centenas de milhares de pessoas desabrigadas. Esse tipo de evento -- tempestades e suas diretas implicações, como inundações e deslizamentos de terras -- foi a principal causa de dano em 2017. Entre os dez mais afetados, quatro foram atingidos por ciclones tropicais.
Apesar de os países em desenvolvimento estarem entre os mais afetados e também serem os que mais têm dificuldade para se recuperar (oito dos dez mais afetados são nações com baixa renda), o aumento do risco também se observa em países ricos. Portugal, por exemplo, passou da 21ª posição no ranking em 2016 para a 11ª na edição deste ano, por causa dos incêndios florestais. No caso dos Estados Unidos, a mudança foi ainda maior: saltaram da 28ª posição para a 12ª, também como reflexo dos furacões.
De 1998 a 2017, Porto Rico, Honduras e Mianmar foram as nações mais afetadas, de acordo com o índice de longo prazo. Neste período, globalmente mais de 526.000 mortes foram diretamente ligadas a mais de 11.500 eventos climáticos extremos. Os danos econômicos foram de aproximadamente US $ 3,47 trilhões.
Para o futuro, a tendência é que esses eventos piorem no mundo inteiro com a intensificação das mudanças climáticas, alerta o relatório.
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