Bert van Dijk/Flickr
Uma fábrica na Mongólia Interior. Políticas de emissões mais rígidas nas províncias litorâneas mais ricas da China levaram suas indústrias – e suas emissões – para áreas mais pobres do interior com regras mais brandas.
LONDRES – De acordo com uma nova pesquisa, assim como nações ricas passaram a responsabilidade das emissões de dióxido de carbono para as nações em desenvolvimento, também as províncias ricas da China exportaram o problema para as regiões mais pobres.
O maior emissor de gás estufa do mundo – 10 bilhões de toneladas em 2011 – decidiu reduzir a “intensidade de carbono” de sua economia. No entanto, de acordo com Klaus Hubacek da University of Maryland e seus colegas, as regiões mais ricas e mais sofisticadas da China – as que têm as metas mais rígidas e específicas de redução de poluição – estão comprando bens manufaturados de locais como a Mongólia interior, uma região mais pobre onde as metas são menos limitantes.
“Isso é lamentável, porque as reduções mais baratas e mais fáceis – e portanto mais acessíveis – ficam nas províncias interiores, onde melhorias tecnológicas modestas poderiam fazer uma diferença enorme para as emissões”, declara Steven Davis da University of California, Irvine, um dos autores do estudo.
Metas mais difíceis
“Áreas mais ricas têm metas mais difíceis de alcançar, então para elas é mais fácil simplesmente comprar bens produzidos em outros locais”, adiciona Davis. “Uma meta nacional que rastreie emissões representadas no comércio seria um grande avanço para solucionar o problema. Mas não é isso que está acontecendo”.
Em artigo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, Hubacek, Davis e seis outros relatam que examinaram a produção e as emissões da China em 2007 em 57 setores da indústria, em 26 províncias e quatro cidades.
Naquele ano, as emissões da China totalizaram mais de sete bilhões de toneladas, das quais mais da metade vinha de combustíveis fósseis queimados para a produção de bens e serviços que eram consumidos ou em outras partes da China, ou fora das fronteiras chinesas em 107 países.
Na prática, os autores forneceram uma geografia do comércio interno da China. Mais de 75% das emissões associadas aos bens consumidos em Pequim-Tianjing – uma das três regiões de maior afluente [comercial] – foram bombeadas para o ar de outras províncias.
Em 2009, na conferência climática das Nações Unidas em Copenhague, a China prometeu reduzir a dependência que sua economia tem do carbono ao reduzir emissões de CO2 por unidade de produto doméstico bruto dos níveis de 2010 em 17% até 2015. De acordo com o país, isso seria conseguido com a imposição de reduções de 19% nas províncias de afluente comercial da costa leste, e 10% no oeste, que é menos desenvolvido.
Empurrando as fábricas para o leste
A implicação é que políticas de redução de emissões tendem a levar fábricas e produtores para regiões onde os custos são menos, e os padrões de poluição, menos rígidos.
“Devemos reduzir as emissões de CO2, não simplesmente terceirizá-las”, aponta Laixiang Sun da University of Maryland, um dos autores do estudo. “Regiões e países desenvolvidos precisam assumir responsabilidades, fornecendo apoio ou investimento tecnológico para promover tecnologias mais limpas e mais verdes em regiões menos desenvolvidas”.
Os resultados, concluem os autores, “demonstram a interdependência econômica de províncias chinesas, enquanto também destacam as enormes diferenças em riqueza, estrutura econômica, e mistura de combustíveis que produzem desequilíbrios no comércio interprovincial e as emissões representadas no comércio”.
Este artigo foi originalmente publicaod em The Daily Climate, a fonte de notícias da mudança climática publicada pela Environmental Health Sciences, uma empresa de mídia sem fins lucrativos.
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