sábado, 14 de setembro de 2013

Desperdício de comida custa ao mundo R$ 1,7 trilhão por ano



DEUTSCHE WELLE

Um relatório divulgado nesta quarta-feira (11) pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostrou que por ano há um desperdício de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos no mundo, o que gera custos de US$ 750 bilhões (R$ 1,7 trilhão).

A comida jogada fora tem impacto não só na economia, segundo o estudo, mas contribui também para aumentar as emissões de gases estufa e diminuir as reservas de água potável e a biodiversidade no planeta. "Nós não podemos permitir que um terço de toda a produção de alimentos seja jogada fora ou perdida por causa de práticas inapropriadas, quando 870 milhões de pessoas passam fome todos os dia", afirmou o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.

Em 2007, quase 1,4 bilhão de hectares produziram alimentos que não foram consumidos, o que corresponde a 28% da área total utilizada para a agricultura no planeta. Se essa região fosse um país, seria o segundo maior do mundo. Além de ser um problema social, o desperdício afeta também o meio ambiente.

O volume de água utilizado para produzir os alimentos não consumidos é três vezes maior do que o fluxo anual do rio mais longo da Europa, o Volga. A sua produção acrescenta 3,3 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa na atmosfera.

PRINCIPAIS CAUSAS

Segundo o relatório, a agricultura é um dos maiores perigos para a biodiversidade, devido à ampliação da área cultivada e sua intensificação.

A maior parte dos impactos da produção de alimentos na biodiversidade acontece em regiões mais pobres, como a África Subsaariana e a América Latina. Cerca de 54% dos alimentos que vão parar no lixo são perdidos ainda durante o processo de produção, no manuseio e armazenamento após a colheita.

Os outros 46% são desperdiçados nas etapas de distribuição e consumo. "Geralmente, a perda de alimentos nos países em desenvolvimento ocorre durante a produção agrícola. Enquanto o desperdício na fase de comercialização e consumo tende a ser maior em países de renda média e alta", diz o relatório.

Segundo a organização, esse problema tem várias causas. Uma delas é o comportamento dos consumidores, que não planejam as suas compras ou acabam jogando fora produtos ainda bons, mas que passaram da data de validade.

Outra é a rejeição de grande quantidade de alimentos pelas redes varejistas, devido a padrões de qualidade e estéticos. Além disso, limitações financeiras e técnicas na infraestrutura do armazenado e transporte da colheita é o fator fundamental para a deterioração de alimentos nos países em desenvolvimento.

A FAO afirma que a redução do desperdício diminuiria a necessidade de aumentar até 2050 a produção em 60% - estimada com base no cultivo dos anos de 2005 e 2007 - para atender a demanda global.

MEDIDAS SIMPLES

Além do relatório, a FAO publicou também um guia para o combate ao desperdício.

Segundo a organização, a ação principal é desenvolver melhores técnicas para armazenamento e transporte. Para consumidores e o varejo, uma medida importante é identificar o problema, descobrindo onde ele ocorre e sua causa. Também é recomendada a revisão dos padrões estéticos para a venda de frutas e verduras e da legislação sobre a data de validade.

A FAO orienta consumidores a planejarem suas compras, levando em consideração o consumo e aproveitando todas as partes dos alimentos, como folhas de algumas verduras que costumam ser jogadas fora.

O Programa Cozinha Brasil do Serviço Social da Indústria (Sesi) é citado no guia como um bom exemplo no combate ao desperdício. Nele é ensinada a preparação de refeições nutritivas com o aproveitamento total dos alimentos.

Outro ponto para evitar que alimentos não consumidos vão parar em aterros sanitários é a reciclagem. Eles podem ser transformados em adubo e produzir biogás.
Folha de S. Paulo

Nenhum comentário:

Geografia e a Arte

Geografia e a Arte
Currais Novos