terça-feira, 12 de outubro de 2021

A geopolítica do negacionismo climático



Luiz Enrique Vieira de Souza, Estevão Bosco e Marcelo Fetz

A instrumentalização interessada do princípio de liberdade de expressão para minar consensos científicos favorece a omissão dos governos em áreas críticas e urgentes, onde a inação pode acarretar a destruição potencialmente irreversível de existências e modos de vida em escala global

O debate sobre as mudanças climáticas explicita um caso extremo de politização da ciência. Interesses corporativos, agremiações políticas conservadoras e intelectuais com pouca ou nenhuma credencial no campo de pesquisas da climatologia articularam-se material e discursivamente nos países anglo-saxões para evitar que as conclusões apresentadas pelo IPCC se traduzissem em medidas regulatórias ou políticas públicas voltadas para a mitigação da interferência humana na química atmosférica. Dado que o acúmulo de evidências sobre o caráter antropogênico das mudanças climáticas consolidou sua posição marginal no campo científico, os representantes do “ceticismo” abandonaram a competição por um paradigma alternativo segundo os padrões acadêmicos. Em vez disso, concentraram-se no fortalecimento de uma “máquina negacionista” que, embora tentando preservar a aparência de um debate científico ainda em curso, deturpou sistematicamente as evidências científicas que poderiam fundamentar o debate público sobre as mudanças climáticas (BEGLEY, 2007).

O modus operandi dessa “máquina negacionista” estrutura-se numa série de estratégias que visam manter em circulação e repetir indefinidamente alegações cujos fundamentos perderam validade à luz do acúmulo de conhecimentos proporcionados pela crescente sofisticação dos estudos de impacto ambiental e das pesquisas na área de saúde pública. Seus antecedentes históricos remontam ao auge da Guerra Fria, quando o governo norte-americano se viu forçado pelos movimentos ambientalistas a proibir o consumo doméstico de DDT, após décadas de investidas da indústria química para desacreditar, por meio de pesquisas patrocinadas e com resultados pré-fabricados, as evidências relativas aos prejuízos dos biocidas para a saúde humana e os ecossistemas (CARSON, 2016). De maneira análoga, a indústria do tabaco investiu maciçamente na articulação de lobby político com o trabalho de experts em relações públicas para qualificar como insuficientes os estudos já então conclusivos sobre os malefícios do cigarro. Esse procedimento de “fabricação das incertezas” ganhou força durante a administração de Ronald Reagan, quando setores do movimento conservador norte-americano lançaram uma guerra contra o ambientalismo, substituindo a “ameaça vermelha” em declínio pela emergente “ameaça verde”. Assim, a ênfase artificial nas “incertezas” refletia o aprendizado da indústria de que deslegitimar a ciência era mais fácil do que debater políticas públicas orientadas por conhecimentos validados no campo científico (DUNLAP et McCRIGHT, 2010; ORESKES et CONWAY, 2010).

Embora a adoção de medidas com base em critérios tecnocráticos instaure ou reforce assimetrias nos processos de deliberação democrática, por outro lado a instrumentalização interessada do princípio de liberdade de expressão para minar consensos científicos favorece a omissão dos governos em áreas críticas e urgentes, onde a inação pode acarretar a destruição potencialmente irreversível de existências e modos de vida em escala global. Nesse sentido, Dieter Plehwe (2014) analisou o papel de think tanks como a Heritage Foundation e Heartland Institute, que construíram redes entre interesses corporativos, órgãos de imprensa com viés conservador e pseudocientistas para transmitir à opinião pública a falsa ideia de que existem “dois lados” no debate sobre mudanças climáticas. Com o apoio financeiro de gigantes da indústria de combustíveis fósseis, esses think tanks ofereciam US$ 10 mil para “intelectuais” dispostos a escrever artigos ou pseudorelatórios que semeassem dúvidas na opinião pública sobre as conclusões do IPCC.

Para garantir a aparência de que se tratava de um debate intenso e ainda em curso no campo da ciência, a “máquina negacionista” lançou mão de diferentes estratégias de deslegitimação e uso de informações falsas: 1) publicações que mimetizavam os relatórios do IPCC sem, no entanto, respeitar os padrões acadêmicos de disputa com base em evidências e contraprovas; 2) alegações de conspirações envolvendo o IPCC a interesses obscuros; 3) denúncias de corrupção nos processos de revisão por pares das revistas acadêmicas; 4) ataques ad hominem a cientistas credenciados ou figuras públicas comprometidas com a mitigação das mudanças climáticas (PALIEWICZ McHENDRY JR, 2017; ORESKES et CONWAY, 2010).

Nos casos em que os negacionistas se preocuparam em conferir algum verniz científico à discussão, seus argumentos oscilaram em torno de quatro categorias discursivas. Em primeiro lugar, tratava-se de negar que as mudanças climáticas estavam em curso (“não está acontecendo”). A partir do momento em que esse argumento perdeu eficácia relativa em certas camadas da população, a estratégia concentrou-se em refutar as causas antropogênicas desse fenômeno, remetendo-o a variações na intensidade da radiação solar[1] (“não somos nós”). Um terceiro recurso consistiu na tentativa de rotular como “catastrofistas” os prognósticos do IPCC e realçar supostos benefícios do aumento das temperaturas médias (“não é tão ruim”). Por último, certos discursos apontaram para os custos elevados de uma reorganização global da produção e do consumo para afirmar que os esforços de mitigação seriam inalcançáveis e que o máximo possível seria discutir eventuais políticas de adaptação (“é impossível”). Esse esforço para promover narrativas manipuladas apoiou-se na estratégia consciente de distorcer a lógica de funcionamento da ciência para representar como “opinião” um consenso científico construído ao longo de mais de quatro décadas (BEGLEY, 2007; DUNLAP et McCRIGHT, 2010). “Ao contrário da literatura científica, onde alegações já refutadas não podem continuar sendo empregadas, no campo negacionista os argumentos nunca desaparecem – eles são continuamente reciclados” (ELSASSER et DUNLAP, 2013).

Em vez de contribuir para a popularização dos conhecimentos baseados em evidências e provas validadas pelas ciências ambientais, a imprensa veiculou amplamente a retórica negacionista em nome da promoção de uma “cobertura imparcial” das posições em disputa. No caso de redes de televisão, estações de rádio ou jornais de orientação conservadora, essa distorção foi ainda mais acentuada, conferindo maior destaque a céticos sem expertise que aos relatórios da comunidade científica. Tanto nos Estados Unidos como na Europa, essa “câmara de eco” conservadora forneceu subsídios discursivos que alimentaram a “controvérsia” em blogs e redes sociais, promovendo assim a deslegitimação da climatologia por intermédio das mais variadas formas de “barbarismo digital” (FORCHTNER, 2019; PAINTER et GAVIN, 2015; ELSASSER et DUNLAP, 2013).

As pesquisas especializadas em comunicação das mudanças climáticas dedicaram-se não apenas ao estudo sobre as estratégias de construção midiática do campo negacionista, mas também a investigar os nexos entre a exposição aos riscos de eventos climáticos extremos – secas prolongadas, enchentes, ondas de calor – e a percepção pública desses fenômenos. Segundo Dunlap e colaboradores (2016), uma revisão bibliográfica sobre o tema demonstra que tais estudos são divergentes e pouco conclusivos. A despeito disso, as estatísticas apontam que existe uma nítida clivagem partidária nos Estados Unidos, onde o ceticismo climático encontra ressonância maior entre eleitores republicanos que entre apoiadores do Partido Democrata. Os autores explicam essa diferença à luz da antipatia republicana às medidas de regulamentação governamental, combinada com as enormes doações de campanha que esse partido recebe do lobby dos combustíveis fósseis. Suas conclusões sugerem, portanto, que a tendência que os indivíduos possuem de rejeitar seletivamente as informações que contestam suas crenças e identidades[2] seria uma razão importante para que nem mensagens persuasivas nem experiências com fenômenos extremos modifiquem substantivamente a percepção dos cidadãos sobre as mudanças climáticas.
Queimada na aldeia Kuikuro, em Mato Grosso (Foto: Takumã Kuikuro)

Desde meados da década de 1990, as coalizões negacionistas difundiram-se a partir dos Estados Unidos para outras nações anglo-saxãs que também contam com lobbys comprometidos com os interesses de setores industriais e think tanks que promovem o conservadorismo do livre-mercado (HAMILTON, 2010). Contudo, é importante ressaltar que o negacionismo climático é um fenômeno global, e não puramente anglo-saxão e que pouco se discute sobre uma “geopolítica do negacionismo”, particularmente naquilo que diz respeito às suas manifestações específicas naqueles países do Sul Global que contribuem com uma parcela relativamente importante das emissões de CO2.

Uma “geopolítica do negacionismo” deve necessariamente levar em conta a correlação de forças externas e internas a cada país. Tomemos como exemplo três países dos BRICS para analisar a feição peculiar que o negacionismo climático assumiu em cada um deles. No caso brasileiro, o papel da minoria de acadêmicos negacionistas nunca foi completamente irrelevante, pois figuras como Ricardo Felício e Luiz Molion foram convocados pela bancada do agronegócio para apresentar “um outro lado da história”, e assim contribuir para afastar a questão das mudanças climáticas do debate sobre alterações no Código Florestal.[3] Apesar dos impactos negativos dessa flexibilização ambiental, foram estruturadas importantes redes de pesquisas científicas, como o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, onde se discutiam políticas públicas para que o país contribuísse com o esforço global de redução das emissões de CO2. Após a eleição de Jair Bolsonaro, o negacionismo climático converteu-se em ideologia de Estado. Um diplomata brasileiro foi enviado à XIII Conferência Internacional sobre Mudança do Clima, promovida pelo Heartland Institute. Antes disso, o então ministro das Relações Internacionais, Ernesto Araújo, já havia replicado argumentos negacionistas ao dizer que existem equívocos na medição das temperaturas. “Não há um termostato que meça a temperatura global. Existem vários termostatos locais” (apud MELLO, 2019). Em 2019, o Brasil desistiu de sediar a COP25 e o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, declarou que as mudanças climáticas antropogênicas permanecem um “assunto acadêmico controverso” (apud MIGUEL, 2020).

Na Rússia, os discursos negacionistas ganharam novo impulso a partir do terceiro mandato de Vladimir Putin como presidente (2012). Em 2005, a Academia de Ciências da Rússia havia assinado, juntamente com instituições acadêmicas internacionais, uma declaração que reconhecia o caráter antropogênico das mudanças climáticas e a necessidade de medidas de mitigação em nível global. Em 2010, o então presidente Dimitri Medvedev assumiu que as mudanças climáticas acarretariam sérias ameaças ao país. Mesmo que ambientalistas russos questionassem o compromisso efetivo dessas declarações, a terceira campanha presidencial de Putin inaugurou um período de retrocessos, em que se tratou a ideia de governança global do clima como uma “conspiração do Ocidente” para enfraquecer a posição da Rússia no cenário internacional. “Conspirações sobre a ciência climática internacional e sobre os esforços globais para promover medidas de mitigação foram enfatizadas nos artigos do Izvestiya e em todos os documentários televisivos e programas de auditório” (TYNKKYNEN et TYNKKYNEN, 2018: 10). Diferentemente de Medvedev, a estratégia de Putin já não associava as medidas de modernização do setor energético à pauta ambientalista global, incorporando somente aquilo que coincidisse com o propósito de reforçar o status da nação enquanto “superpotência dos hidrocarbonetos”. Nesse sentido, a mensagem de Putin contribuiu para a hegemonia daqueles que priorizam a soberania em detrimento da cooperação internacional e os interesses econômicos de curto prazo da elite russa frente à imagem internacional do país.

Da perspectiva do governo chinês, o combate às mudanças climáticas relaciona-se discursivamente com a promoção de uma “civilização ecológica”. Desde 2007, a China possui um Programa Nacional de Mudanças Climáticas que reconhece o consenso científico sobre as causas antropogênicas e sinaliza para uma posição responsável nas negociações internacionais. Em setembro de 2020, o presidente Xi Jinping anunciou que a China pretende atingir o pico de emissões em 2030 e tornar-se “carbono neutral” até 2060. A estratégia do governo chinês consiste em apresentar-se como liderança global na proteção do clima, tanto para aumentar seu “soft power”, como para assegurar uma posição de destaque no mercado internacional de “tecnologias verdes” (SOUZA, 2021) Isso não quer dizer que inexista um ceticismo climático com características chinesas. John Chung-En Liu (2015) enxerga uma corrente subterrânea de ceticismo climático na sociedade chinesa que ainda é pouco estudada. De acordo com o autor, o ceticismo chinês seria diferente da variante norte-americana, pois seu campo de batalha não é a ciência, mas a perspectiva nacionalista de que as mudanças climáticas seriam uma farsa ocidental para minar o crescimento chinês[4] (“imperialismo climático”). Além disso, os céticos chineses atuam como indivíduos isolados, e não enquanto uma comunidade organizada. Eles não contam com o suporte de think tanks conservadores e não organizam sistematicamente campanhas públicas de desinformação. Sua atuação concentra-se nos fóruns da internet (douban, tianya, guokr e weiming), e o questionamento das mudanças climáticas relaciona-se com questões de identidade e confiança, atribuindo-se às pesquisas realizadas por chineses maior credibilidade que à ciência internacional.

Esse breve panorama da geopolítica do negacionismo permite duas conclusões importantes. A primeira diz respeito às afinidades eletivas entre o neoliberalismo e o negacionismo climático. Tanto nos países anglo-saxões como no Brasil de Jair Bolsonaro, as críticas aos “excessos” de regulamentação econômica impedem que o Estado desempenhe o seu protagonismo na governança do clima. Nesse sentido, o Green New Deal proposto por Joe Biden é mais um sintoma de que o recrudescimento das mudanças climáticas expressa a falência do modelo neoliberal. Por outro lado, o princípio da soberania nacional relaciona-se de maneira seletiva com o negacionismo climático. No caso da estratégia russa de se afirmar como “superpotência dos hidrocarbonetos” é mais do que evidente que o Estado não possui interesse em cooperar com os esforços globais de mitigação, mas o exemplo da China aponta na direção oposta, ou seja, que o protagonismo na governança do clima pode ao mesmo tempo beneficiar a imagem internacional de um país e projetá-lo como “global player” no setor de tecnologias verdes.

Luiz Enrique Vieira de Souza é professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal da Bahia.

Estevão Bosco é professor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e Pesquisador do Grupo de Estudos em Geografia Política e Meio Ambiente da Universidade de São Paulo.

Marcelo Fetz é professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo.



Referências

BEGLEY, S. (2007). The truth about denial. Newsweek, 13 August, p. 20-9.

CARSON, R. (2016). Primavera Silenciosa [Silent Spring]. São Paulo: Editora Gaia.

DUNLAP, R. E.; McCRIGHT, A. M. (2010). Climate change denial: sources, actors and strategies. IN: LEVER-TRACY, C. Routledge Handbook of Climate Change and Society. Abingdon: Routledge.

DUNLAP, R. E.; McCRIGHT, A. M.; YAROSH, J. H. The Political Divide on Climate Change: Partisan Widens in the U. S. Environment: Science and police for Sustainable Development, 58:5, p. 4-23.

ELSASSER, S. W,; DUNLAP, R. E. (2013). Leading voices in the denier chor: Conservative columnists’ dismissal of global warming and denigration of climate science. American Behavioral Science, 57 (6), p. 754-76.

FORCHTNER, B. (2019). Climate Change and the Far Right. WIREs Climate Change, DOI: 10.1002/wcc.604.

HAMILTON, C. (2010) Requiem for a Species. London: Earthscan.

LIU, J. C. (2015). Low-carbon plot: Climate change skepticism with Chinese characteristics. Environmental Sociology, DOI: 10.1080/23251042.2015.1049811.

McCRIGHT, A. M.; DUNLAP, R. E. (2011). Cool dudes: The denial of climate change among conservative white males in the United States. Global Environmental Change, 21 (4), p. 1163-72.

MELLO, P. (2019). “Governo brasileiro participa de reunião com negacionistas do clima” [Brazilian Government Participates in Meeting with Climate Denialists]. Folha de São Paulo, 30 July, www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/07/governo-brasileiro-participa-de-reuniao-com-negacionistas-do-clima.shtml.

MIGUEL, J. C. H. (2020). Negacionismo Climático no Brasil [Climate Denialism in Brazil]. Revista Coletiva (27), ISSN 2179-1287.

ORESKES, N.; CONWAY, E. M. (2010). Merchants of doubt. How a handful of scientists obscured the truth on issues from tobacco smoke to global warming. New York: Bloomsbury Press.

PAINTER, J.; GAVIN, N. T. (2015). Climate Skepticism in British Newspapers, 2007-2011. Environmental Communication, DOI: 10.1080/17524032.2014.995193.

PLEHWE, D. (2014). Think tank networks and the knowledge-interest nexus: the case of climate change. Critical Policy Studies, 8:1, p. 101-15.

SOUZA, L. E. V. (2021). Civilização ecológica ou colapso ambiental [Ecological Civilization or Environmental Collapse?]. MUSSE, R. (ed.) China Contemporânea: Seis Interppretações [Contemporary China: Six Interpretations]. Belo Horizonte: Autêntica.

TYNKKYNEN, V.; TYNKKYNEN, N. (2018). Climate Denial Revisited: (Re)contextualising Russian Public Discourse on Climate Change during Putin 2.0. Europe-Asia Studies, DOI: 10.1080/09668136.2018.1472218.

[1] “A Física nos conta que se o sol fosse o responsável pelo aquecimento global – como alguns céticos continuam insistindo – nós esperaríamos que tanto a troposfera como a estratosfera se aqueceriam, dado que o calor chega à atmosfera vindo do espaço sideral. Mas se o aquecimento for causado pelos gases responsáveis pelo efeito estufa emitidos da superfície e aprisionados na baixa atmosfera, então esperaríamos que a troposfera se aqueceria, mas que a estratosfera se resfriasse” ORESKES et CONWAY, 2010).

[2] Em outro estudo, McCright e Dunlap (2011) debruçaram-se sobre pesquisas de opinião realizadas entre 2001 e 2010 nos Estados Unidos que demonstravam uma maior tendência de homens brancos e conservadores a abraçarem as teses negacionistas. Essa tendência seria ainda maior entre os homens brancos conservadores que afirmavam “conhecer muito bem” os temas relacionados às mudanças climáticas [“cool dudes”]. Para explicar esse fenômeno, os autores articularam os pressupostos da “teoria cognitiva da motivação” à “tese da vulnerabilidade”, segundo a qual homens brancos se sentem menos vulneráveis que mulheres e não brancos em virtude de sua posição dominante na estrutura social, e por isso estariam mais dispostos a aceitar esses riscos.

[3] Esse projeto almejava restringir as medidas de proteção ambiental para favorecer a expansão da pecuária extensiva e das monoculturas de soja e cana-de-açúcar. O deputado Aldo Rebelo, que em 2009 ainda pertencia ao Partido Comunista do Brasil e atuava como relator da comissão que discutia a implementação dessa nova legislação, classificou o diagnóstico sobre as mudanças climáticas como “ideologia norte-americana (…) [que visava] conter o avanço do setor agropecuário no Brasil” (apud MIGUEL, 2020).

[4] Donald Trump inverteu o sinal dessa equação ao publicar um tweet com a acusação de que “o conceito de aquecimento global foi criado pelos e para os chineses para fazer tornar o setor industrial dos EUA não competitivo” (6/11/2012).
Revista Le Monde Diplomatique

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