quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Bioma Caatinga



Hoje a lição vem das tribos tupis-guaranis, que já habitavam o Brasil muito antes da chegada dos colonizadores portugueses. Os índios deram nome a um dos principais biomas da região Nordeste do País: a Caatinga – caa quer dizer “mata”, e tinga quer dizer “branca”. A mata branca, que ocupa pouco mais de um décimo do território nacional, forma-se em regiões de clima árido e semiárido, onde as chuvas são escassas e as secas podem durar até nove meses.

Os solos do bioma Caatinga são rasos, pedregosos e pouco permeáveis. Assim, a maior parte da água das chuvas evapora, em vez de penetrar no chão. Por sua vez, os rios da região são, em sua maioria, temporários – ou seja, ficam cheios em determinadas épocas do ano e têm o leito seco nos outros meses. Com todas essas características, você pode estar pensando que nenhuma espécie vegetal ou animal escolheria como lar a Caatinga, não é? Pois se enganou!

Várias plantas e bichos acostumados a condições extremas fazem deste bioma a sua casa. No primeiro grupo, os arbustos são predominantes, e as espécies são adaptadas para sobreviver à falta de água. Por exemplo: algumas delas mantêm pequenas folhas, e outras ficam totalmente sem suas folhas durante o período da seca – dois tipos de adaptação que permitem às plantas perder menos água. As chamadas plantas “suculentas”, como cactos e bromélias, armazenam bastante água em seu interior e, assim, podem suportar a falta de chuva. Outras espécies, ainda, têm raízes tuberosas, ou seja, crescem debaixo da terra, e, como principal característica, têm grandes reservas de substâncias. Portanto, são capazes de guardar água e nutrientes: é o caso do umbuzeiro.

Além da flora, a fauna da Caatinga é também um verdadeiro desfile de animais especializados em enfrentar o clima seco. Vários répteis, como o teiú e calangos, e aves, como a asa-branca e a arara-maracanã-verdadeira, podem ser encontrados na região. Entre os mamíferos, os morcegos e os roedores são maioria.

O mocó, roedor dócil que chega aos 40 centímetros de comprimento, vive nas sombras de rochedos e de lajes de pedra, onde há mais umidade. O rato-bico-de-lacre aproveita arbustos e até abrigos de outros animais, como cupinzeiros e ninhos de passarinho, para se proteger do calor. Já o tatu-bola evita sair durante o dia e deixa para realizar suas atividades à noite, quando as temperaturas são mais frescas.

Os anfíbios, que geralmente preferem ambientes úmidos, também desenvolveram, no bioma Caatinga, “estratégias” para lidar com o clima árido. Alguns se enterram no solo durante os períodos secos e só saem após as primeiras chuvas, para se reproduzirem. Outros vivem abrigados em plantas, como a perereca-verde-pequena.

Algumas espécies vivem apenas nas poucas áreas de floresta que ainda existem na Caatinga – é o caso do macaco-guariba e do guigó-da-caatinga. Outras, como o jacaré-de-papo-amarelo, típico da região, vivem nas margens dos riachos, o que lhes garante água para sobreviver.

Apesar de rica, a fauna do bioma Caatinga vem sofrendo baixas – algumas espécies já foram extintas na natureza, como a ararinha-azul (os poucos exemplares vivem em cativeiro); outras estão em risco de extinção, como o tatu-bola, a onça-parda e o soldadinho-do-araripe. Além da caça, também o desmatamento contribui para isso, pois intensifica ainda mais a aridez do bioma.

Como muitas espécies só existem no bioma Caatinga, você já pode imaginar o quanto a sua preservação e conservação são fundamentais. Mas não é isso que está acontecendo: são poucas as iniciativas de conservação e, até agora, o bioma já perdeu quase metade de sua vegetação original. A extração de madeira, a criação de animais domésticos em áreas muito extensas, a agricultura e as queimadas têm prejudicado bastante a região, e, se nada for feito, será impossível recuperá-la. Isso seria uma pena, não acha?



Volte, ararinha-azul!






Infelizmente, esta bela espécie do bioma Caatinga desapareceu da natureza brasileira. Foi vista pela última vez em 2000! Disputada por colecionadores desde o século 19, a ararinha-azul enfrentou também a destruição de seu habitat e, hoje, existe apenas em cativeiro. Há, porém, esforços para reintroduzi-la na natureza – quem sabe, um dia, poderemos vê-la voando novamente?! 
EMBRAPA

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