Segundo o documento, o principal culpado pela elevação da temperatura terrestre é o homem
Débora Spitzcovsky
Fonte:
Thinkstock
O número do relatório é maior do que os 2ºC previstos pelos cientistas ligados às Nações Unidas
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, é a mais nova vítima da rede. Na última sexta-feira (14), vazou na internet uma versão preliminar do Quinto Relatório de Avaliação da organização, mais conhecido como AR5. O documento, que atesta a atual situação do planeta, com base nas mudanças climáticas, estava previsto para ser lançado, apenas, em setembro de 2013.
O rascunho traz uma informação preocupante: muito além dos 2ºC considerados seguros pelos cientistas ligados às Nações Unidas, a temperatura do planeta pode subir até 4,8ºC neste século, com base nos níveis de 1950. E mais: contrariando muitos céticos, o documento afirma que o principal culpado desse aquecimento global é o homem.
Segundo o texto, "é extremamente provável que as atividades humanas tenham causado mais da metade do aumento observado na média global das temperaturas da superfície nos últimos 60 anos". Sendo que, de acordo com os padrões do IPCC, o termo "extremamente provável" significa, ao menos, 95% de certeza.
A prévia do AR5 ainda afirma que o nível dos oceanos deve subir entre 29 e 82 centímetros até 2100, ameaçando a população de áreas de baixa altitude, como Bangladesh, Nova York, Londres e Buenos Aires. No último relatório do IPCC, divulgado em 2007, os cientistas haviam previsto um aumento de 18 a 59 centímetros no nível dos mares.
Em comunicado oficial, o Painel da ONU não quis comentar muito o assunto. A organização, apenas, lamentou o ocorrido e disse que a divulgação prematura e não autorizada do texto pode provocar confusão, já que o relatório ainda estava sendo produzido e, provavelmente, sofreria alterações até ser lançado.
A prévia do texto foi divulgada no blog de um cético do clima americano, chamado Alec Rawls, que queria provar que os sumários executivos dos relatórios do IPCC sofrem interferência política antes de serem lançados "para dar a impressão de que existe uma crise climática descontrolada e, assim, manter o público com medo". Rawls está entre os 800 revisores que foram recrutados pelo IPCC para checar as informações do AR5 e, por isso, tinha acesso ao documento.
National Geographic Brasil
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