Babeth Bettencourt
Enviada especial da BBC Brasil a Madri e Barcelona
A crise econômica e o alto índice de desemprego - que em
abril chegou a 17,36% - estão fazendo com que mais imigrantes brasileiros
decidam deixar a Espanha e voltar para casa.
A Organização Internacional para a Migração (OIM) - que
ajuda imigrantes que queiram voltar para casa, pagando sua passagem - afirma
que, em 2007, analisou pedidos de 2.073 pessoas na Espanha.
De 2008 até abril deste ano, este número tinha subido para
6.722. Outros 500 casos - que poderiam representar cerca de 1.500 pessoas -
aguardavam na fila para ser analisados.
"O número de imigrantes querendo ajuda para voltar para
casa aumentou muito", conta Clarissa Araújo do Carmo, funcionária da OIM
em Madri. "Antes recebíamos cerca de cinco pedidos diários, mas desde
meados do ano passado este número subiu para 20, até 30 pedidos."
Os brasileiros, juntamente com os argentinos, são o segundo
maior grupo a procurar a OIM. Os bolivianos são os primeiros da fila.
No ano passado, a organização ajudou 143 brasileiros a
voltar para casa e neste ano, até março, 45 já haviam retornado e outros 155
casos (o que poderia representar o triplo em número de pessoas) aguardam para
ser analisados, mas a espera pode demorar meses.
Crescimento
Desde o ano 2000, o crescimento econômico e a ampla oferta
de empregos - principalmente nos setores de construção, hotelaria e serviços
domésticos, que os espanhóis não queriam ocupar - vinham atraindo imigrantes de
vários países para a Espanha.
Mas refletindo a crise mundial, o país entrou em
dificuldades em meados do ano passado e hoje seu índice de desemprego é duas
vezes maior do que o dos outros países da União Européia.
O cônsul brasileiro em Madri, Gelson Fonseca, afirma que
ainda é cedo para medir os efeitos das dificuldades econômicas sobre os
imigrantes brasileiros na Espanha.
"Poderemos ter um número preciso sobre a saída de
brasileiros da Espanha daqui a um ano. A Espanha tem estatísticas muito
precisas sobre a comunidade estrangeira no país, por conta do Padrão Municipal
(uma espécie de censo municipal publicado a cada dois anos)", diz Fonseca.
"O padrão é renovado a cada dois anos, então,
precisamos esperar pelo menos mais um ano para medir este número."
De acordo com dados do Padrão Muncipal, havia 11.085
brasileiros registrados na Espanha no ano 2.000. Em 2.008, este número chegava
a 116.548. Segundo dados do Ministério do Trabalho, no entanto, apenas cerca de
20% têm seguridade social.
Entre os brasileiros na Espanha, os homens, em sua maioria,
trabalham no setor de construção, um dos mais afetados pela crise. As mulheres
estariam empregadas, em geral, no setor de serviços doméstico ou de hotelaria.
"A taxa de desemprego entre os imigrantes na Espanha é
maior do que a taxa de desemprego entre os espanhóis. O que se diz é que a taxa
de desemprego para estrangeiros, geralmente, está entre 6% e 7% acima da taxa
dos espanhóis", afirma o cônsul.
Cachón: 'Migrações para a Espanha se produziram por questões
de trabalho'
Segundo o sociólogo Lorenzo Cachón, presidente do Fórum para
a Integração dos Imigrantes, a crise e o desemprego também aumentaram a tensão
entre os imigrantes e os espanhóis.
"A crise está sendo especialmente grave na Espanha,
afetando todos os trabalhadores. Com isso, muitos imigrantes perderam o
emprego", afirma Cachón.
Se antes os imigrantes ocupavam as vagas rejeitadas pelos
espanhóis, agora eles disputam diretamente esses empregos.
"As migrações para a Espanha se produziram,
basicamente, por questões de trabalho. As pessoas vieram não por que tinham
problemas em seus países de origem, mas porque na Espanha havia oportunidades
de empregos", diz o sociólogo.
"Na Espanha, desde o ano 2000, houve muitas
oportunidades de emprego. Em 2007, elas começam a diminuir. 2008 foi um ano
ruim e a previsão é de que 2009 seja muito negativo", afirma ele.
"O que está acontecendo é que menos gente está vindo
para a Espanha porque sabem que hoje não vão encontrar emprego. Aumentou o
retorno de imigrantes, principalmente de países latino-americanos."
BBC BRASIL
Um comentário:
Bem feito quando saem vão em cima do salto falando mal do Brasil, se acham europeus, sendo que na maioria da vezes vão trabalhar sem serviçso que os europeus não querem , fazer . Depois fracassam e volta com o rabinhao entre as pernas com sindrome de retorno. O dó.
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