segunda-feira, 27 de setembro de 2010
O apartheid não morreu
As chaves para entender as mudanças climáticas
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
ONU lança década de combate à desertificação em evento no Brasil
Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Avanço rápido das zonas secas é preocupante
Apesar de toda a informação disponível, governos ainda não conseguem lidar com o avanço das áreas secas. Evento no Brasil discute a problemática e marca o início da Década das Nações Unidas Contra a Desertificação.
Toda a informação disponível na atualidade sobre o processo de desertificação não deixa dúvida: nas últimas décadas, o avanço das pesquisas permitiu um melhor conhecimento da problemática, de suas causas e impactos. Mas ainda falta muito para que todos esses dados se transformem em práticas, se traduzam em técnicas efetivas para amenizar a situação de mais 2 bilhões de pessoas que moram em áreas secas.
Esse foi o ponto de debate da 2º Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid), que encerrou o ciclo de discussão nesta sexta-feira (20/09), em Fortaleza. Acabado o evento, agora tem início a Década das Nações Unidas para os Desertos e Luta Contra a Desertificação 2010/2020.
O avanço da área seca é preocupante em mais de 100 países do globo. A desertificação é um risco presente em 33% da superfície da Terra, em zonas áridas e semiáridas. "É preciso pisar no acelerador. E as recomendações que saem daqui aumentam a pressão sobre os tomadores de decisão", disse à Deutsche Welle Egon Krakhecke, secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do ministério brasileiro do Meio Ambiente.
Receita do ICID
Estudos produzidos por pesquisadores do mundo todo sugerem uma mudança de cenário nada animadora. Se as previsões de aquecimento do planeta em 2 graus se confirmarem, um terço da comida disponível nos dias de hoje não existirá mais.
Segundo dados das Nações Unidas, 12 milhões de hectares por ano se transformam em desertos ao redor do mundo. O problema é causado pela degradação contínua do solo, devido às mudanças climáticas, à exploração agrícola desenfreada e à má gestão dos recursos hídricos.
No Brasil, o desmatamento é o principal fator do avanço das zonas secas. Mesmo a caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, já teve quase metade de sua cobertura vegetal desmatada, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente.
Egon Krakhecke, no entanto, ressalta que o país avançou no controle do desmatamento e no sistema de monitoramento. Segundo dados oficiais, a área de floresta amazônica desmatada em 2004 era de 27 mil quilômetros quadrados, em 2009 caiu para 7,4 mil quilômetros quadrados. Ainda assim, o desmatamento e a queimada são as maiores fontes brasileiras de emissão de dióxido de carbono, o que coloca o país na quinta posição no ranking mundial.
"O Brasil está fazendo a sua parte para combater o problema, em relação aos compromissos assumidos em Copenhague. Mas esperamos mais dos países ricos", afirmou Krakhecke.
Cenário brasileiro e cooperação
A região semiárida do território brasileiro ocupa os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, além do Vale do Jequitinhonha, no Norte de Minas Gerais, e parte da região norte do Espírito Santo. É nesse solo que as secas vitimam milhares de pessoas.
O regime de chuvas é irregular, de 400 a 800 milímetros anuais. Os longos períodos de estiagem, que ocorrem de forma cíclica, trazem sérios danos sociais para a população e afetam de forma drástica a economia local.
Apesar de a região semiárida brasileira contar atualmente com mais indústrias, sua economia depende bastante da pecuária extensiva e da agricultura de baixo rendimento. Algumas medidas de convívio com o clima foram implantadas na região, como a instalação de 300 mil cisternas. A água da chuva é acumulada nesses reservatórios e ajuda as famílias a enfrentar até 9 meses de seca.
O programa pode ser exportado para Níger, país africano que tem 77% do território desertificado. O Brasil também coopera com Moçambique em ações de abastecimento de água para a população que vive no campo.
O governo brasileiro anunciou a liberação de 12 milhões de reais em pesquisas para o desenvolvimento da região semiárida. Os projetos devem focar tecnologias para a recuperação de áreas degradadas, além de técnicas do uso sustentável dos seus recursos naturais.
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Marcio Damasceno
DW-WORD.DE DEUTSCHE WELLE
Missão de combate acaba, mas norte-americanos continuam no Iraque
Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Tropas norte-americanas encerram presença no IraqueSete anos depois da invasão, tropas dos EUA deixam o campo de batalha no Iraque e passam a exercer papel de apoio às forças nacionais. Estados Unidos falam em longa cooperação, e há quem duvide de uma retirada total.
Pouco depois de assumir a presidência dos Estados Unidos, Barack Obama prometeu acabar com a guerra no Iraque "de forma responsável". Um ano e meio depois, a última tropa norte-americana de combate deixou o país asiático nesta terça-feira (31/08).
Segundo os cálculos do governo de Washington, mais de 90 mil soldados se retiraram do Iraque nos últimos 18 meses. Os 50 mil restantes saem do campo de batalha e passam a dar assistência às forças de segurança iraquiana.
Em seu depoimento sobre o assunto, publicado no site da Casa Branca, Obama afirma que "continuará construindo uma forte parceria com o povo iraquiano, com aumento de compromisso civil e esforço diplomático".
O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, viajou ao Iraque para participar da cerimônia da troca de comando. Em companhia do presidente iraquiano, Jalal Talabani, do primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, e também do presidente do Supremo Conselho Muçulmano, Ammar al-Hakim, Biden também deve opinar sobre as negociações da formação do novo governo no país do Oriente Médio.
Bildunterschrift: Estátua de Saddam Hussein destruída em 2003
Diplomacia e outros interesses
As tropas de combate saem, mas a presença norte-americana poderá ser notada na enorme embaixada em Bagdá, em diversas missões e bases no país, onde os EUA continuarão prestando assistência à tecnologia armamentista, e a força aérea iraquiana, que continuará sendo montada. O Iraque vai abrigar também um escritório de cooperação em questões de segurança entre os dois países, e continuará tendo milhares de agentes de segurança norte-americanos.
"Eu não acho que os americanos sairão 100% do Iraque. Mais de 4 mil soldados morreram. E bilhões foram gastos. Essa região continua sendo importante para os interesses dos EUA. Eu não acredito que os americanos se retirarão da região depois de tantos esforços. Eu acho que eles ficarão aqui de algum jeito, e que exercerão influência", opina Azzad Othman, professor da Universidade de Erbil, na região curda do norte do Iraque, única do país que goza de estabilidade e certo progresso econômico.
A retirada total das tropas norte-americanas deve ocorrer até o fim do próximo ano – quando os 50 mil soldados que agora passam a "força de apoio" deixarão de fato o país. Ali Dabbagh, porta-voz do governo iraquiano, reforça a ideia de cooperação a longo prazo.
"Queremos uma parceria estratégica com os Estados Unidos. Assinamos 11 contratos com empresas estrangeiras de petróleo, apenas uma delas é dos Estados Unidos. Ninguém pode nos impor regras, sejam os Estados Unidos ou os países da região", declarou Dabbagh sobre o futuro da relação bilateral.
Segurança interna
Os iraquianos assistem à movimentação no país com temor de que os atentados dos radicais se intensifiquem. Os ataques quase que diários na capital, Bagdá, contra diversas instituições, deixam a impressão de que os terroristas podem agir a qualquer momento, e em qualquer lugar.
Os radicais também exploram o fato de que, seis meses depois das eleições iraquianas, o país ainda não conseguiu formar um governo. O vice-primeiro-ministro, Azad Barwari, adverte para tempos difíceis: "A questão da liderança política, dos recursos naturais e da disputa territorial só pode ser resolvida de forma democrática, respeitando a Constituição e com aceitação mútua. Se não conseguimos resolver todas as essas questões até 2011, nosso futuro estará em xeque."
Bildunterschrift: Atentado em Bagdá: iraquianos temem aumento da violência
A versão norte-americana
O "assunto político" Iraque merece uma seção exclusiva – e uma das mais longas – no site do governo dos Estados Unidos. E para os cidadãos norte-americanos que não sabem muito sobre o distante país do Oriente Médio, há informações sobre a geografia, história e governo iraquiano.
Definido como um país rico em petróleo e gás natural, em 2008 o Iraque faturou 58 bilhões de dólares com suas exportações – 84% correspondem a petróleo, sendo os Estados Unidos o principal mercado.
Na longa descrição sobre os fatos históricos do Iraque, a atuação norte-americana é citada com ênfase num episódio de 1991. Naquele ano, uma aliança de países liderada pelos Estados Unidos – em nome das Nações Unidas – expulsou soldados iraquianos do Kuwait, após a invasão de agosto de 1990.
O Conselho de Segurança da ONU exigiu então que o governo de Saddam Hussein entregasse suas armas de destruição de massa que, segundo acusam os norte-americanos, foram usadas para reprimir movimentos curdos no país depois da guerra contra o Irã (1980-1988).
E foi nessas circunstâncias que começou a ocupação: "Depois que o Iraque falhou em cooperar com as inspeções da ONU, as forças lideradas pelos Estados Unidos invadiram o país em março de 2003, depuseram o ditador Saddam Hussein (executado em 30 de dezembro de 2006 pelo governo do Iraque), conta o site, que acrescenta a seguir: "O objetivo da política dos Estados Unidos é um Iraque soberano, estável e autônomo."
Autores: Nádia Pontes / Ulrich Leidholdt
Revisão: Roselaine Wandscheer
DW-WORD.DE DEUTSCHE WELLE
Aquecimento global ajuda petroleiro russo a reabrir rota no Ártico
IGNACIO ORTEGA
DA EFE, EM MOSCOU
A redução da camada de gelo que cobre o oceano Glacial Ártico devido ao aquecimento global permitiu que um petroleiro russo reabrisse a rota marítima ártica, alternativa ao canal de Suez e até agora fechada ao tráfego comercial.
O petroleiro Báltika zarpou do porto de Murmansk (mar de Bárents) em 14 de agosto, e depois de uma semana e meia de travessia já se encontra em águas do mar de Chukotka, região onde se encontra o estreito de Bering, que separa os oceanos Ártico e Pacífico.
SXC
Aquecimento global ajuda petroleiro russo em rota ártica
No começo da próxima semana, o navio chegará às águas do Pacífico, onde já não necessitará seguir a trilha produzida pos três quebra-gelos nucleares que o acompanham durante vários milhares de quilômetros.
Os quebra-gelos Rossia, Taymir e 50 Let Pobedy acompanharam o petroleiro durante mais da metade de sua viagem, ainda que na última fase o primeiro deles foi capaz de abrir sozinho a trilha no gelo.
O Báltika é um petroleiro com 44 metros de largura máxima, e por isso, nas zonas onde a camada de gelo é mais grossa é necessária a escolta de três quebra-gelos, o que não será o caso de outros navios de menor tamanho.
O petroleiro russo, que leva 72 mil toneladas de gás condensado à China, percorreu em 11 dias a distância que separa Murmansk da localidade de Pevek, no mar de Chukotka. Lá a tripulação obteve provisões de água potável e descansou durante três dias.
Segundo o especialista do Instituto de Geografia da Academia de Ciências da Rússia, Ivan Lavrentiev, a espessura do gelo diminuiu com o aquecimento global, o que ajudou a abrir o caminho de volta.
Com este trajeto, a Rússia pretendeu mostrar que a rota marítima ártica é segura e viável economicamente, a tempo de enviar uma mensagem para os navegantes de outros países --Estados Unidos, Canadá ou Dinamarca-- que têm pretensões territoriais na região.
A Rússia prevê apresentar em 2013 na Organização das Nações Unidas (ONU) uma reclamação territorial sobre a área.
Folha de São Paulo