O deserto de US$ 1 trilhão
Americanos encontram no Afeganistão uma das maiores
reservas de lítio do planeta. Resta saber se o metal, usado
na fabricação de baterias de carros elétricos e telefones
celulares, será capaz de reerguer o país
André Julião
FALSO VAZIO
Menina corre no árido soloafegão: tesouro oculto sob o chão
Não bastasse o petróleo, os EUA descobriram o que pode ser uma segunda mina de ouro no Afeganistão – mais precisamente, além de mina de ouro, de ferro, cobre, cobalto, nióbio e lítio. O tesouro está em reservas no solo do deserto afegão, que, juntas, são avaliadas em cerca de US$ 1 trilhão. Segundo o governo americano, a nova riqueza poderia alterar drasticamente a economia do país – baseada no comércio ilegal de drogas – e mesmo a guerra que ocorre desde muito antes da invasão dos EUA, em 2001.
De acordo com um memorando interno do Pentágono, obtido pelo jornal “The New York Times”, a quantidade de metal no solo poderia transformar o Afeganistão na “Arábia Saudita do Lítio”, uma referência ao maior exportador de petróleo do mundo, no Oriente Médio. As reservas afegãs seriam equivalentes às da Bolívia, maior fornecedor mundial. O metal é o principal ingrediente nas baterias recarregáveis usadas em celulares, computadores e carros elétricos.
OURO BRANCO
Salar de Uyuni, na Bolívia: riqueza
mineral não garante bem-estar
É exatamente aí que reside um dos maiores mercados potenciais do lítio. As versões mais novas das baterias que o utilizam têm metade do peso, o dobro de potência de suas antecessoras de níquel e armazenam o triplo de energia. Graças a esse avanço, já existem carros elétricos com 450 quilômetros de autonomia e que chegam aos 100 quilômetros por hora. O Prius, da Toyota, torna-se cada vez mais popular nos EUA, com um motor a gasolina combinado com outro elétrico. No ano que vem, a GM lança o Volt e a Renault-Nissan o Leaf, ambos totalmente elétricos.
Outro incentivo para o desenvolvimento dessa tecnologia se deu em fevereiro de 2009, quando o presidente Barack Obama assinou o pacote de ajuda para tirar os Estados Unidos da crise econômica mundial. Entre a série de medidas estão previstas concessões fiscais de US$ 2,4 bilhões para a produção de componentes dos carros elétricos. De acordo com a lei, as baterias de lítio recebem a maior parte desse investimento. São US$ 940 milhões em concessões a fornecedores de insumos, fabricantes e recicladores.
“O Afeganistão precisa, antes de tudo, ser pacificado”
Renatho Costa, especialista em Oriente Médio
Segundo Renatho Costa, especialista em Oriente Médio e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, levar os dividendos desse mercado à população afegã não é tão fácil. “O país tem um governo extremamente corrupto. É preciso um novo modelo de administração”, diz. Além disso, o grupo armado Talebã, que trava uma guerra contra as forças de ocupação americanas, pode inviabilizar a exploração. “O Afeganistão precisa, antes de tudo, ser pacificado”, afirma.
Além da instabilidade política, deve-se considerar que a mineração não garante lucros em um curto prazo. E que eles não necessariamente melhoram as condições de vida da população. Basta lembrar que a Bolívia detém metade das reservas mundiais de lítio e continua tendo alguns dos piores indicadores sociais do mundo. “O ganho de exploração sobre o minério bruto é muito pequeno. É preciso uma indústria que faça um beneficiamento mínimo”, diz João Zuffo, coordenador do Laboratório de Circuitos Integráveis da Universidade de São Paulo (USP).
O deserto de US$ 1 trilhão
Americanos encontram no Afeganistão uma das maiores
reservas de lítio do planeta. Resta saber se o metal, usado
na fabricação de baterias de carros elétricos e telefones
celulares, será capaz de reerguer o país
André Julião
FALSO VAZIO
Menina corre no árido soloafegão: tesouro oculto sob o chão
Não bastasse o petróleo, os EUA descobriram o que pode ser uma segunda mina de ouro no Afeganistão – mais precisamente, além de mina de ouro, de ferro, cobre, cobalto, nióbio e lítio. O tesouro está em reservas no solo do deserto afegão, que, juntas, são avaliadas em cerca de US$ 1 trilhão. Segundo o governo americano, a nova riqueza poderia alterar drasticamente a economia do país – baseada no comércio ilegal de drogas – e mesmo a guerra que ocorre desde muito antes da invasão dos EUA, em 2001.
De acordo com um memorando interno do Pentágono, obtido pelo jornal “The New York Times”, a quantidade de metal no solo poderia transformar o Afeganistão na “Arábia Saudita do Lítio”, uma referência ao maior exportador de petróleo do mundo, no Oriente Médio. As reservas afegãs seriam equivalentes às da Bolívia, maior fornecedor mundial. O metal é o principal ingrediente nas baterias recarregáveis usadas em celulares, computadores e carros elétricos.
OURO BRANCO
Salar de Uyuni, na Bolívia: riqueza
mineral não garante bem-estar
É exatamente aí que reside um dos maiores mercados potenciais do lítio. As versões mais novas das baterias que o utilizam têm metade do peso, o dobro de potência de suas antecessoras de níquel e armazenam o triplo de energia. Graças a esse avanço, já existem carros elétricos com 450 quilômetros de autonomia e que chegam aos 100 quilômetros por hora. O Prius, da Toyota, torna-se cada vez mais popular nos EUA, com um motor a gasolina combinado com outro elétrico. No ano que vem, a GM lança o Volt e a Renault-Nissan o Leaf, ambos totalmente elétricos.
Outro incentivo para o desenvolvimento dessa tecnologia se deu em fevereiro de 2009, quando o presidente Barack Obama assinou o pacote de ajuda para tirar os Estados Unidos da crise econômica mundial. Entre a série de medidas estão previstas concessões fiscais de US$ 2,4 bilhões para a produção de componentes dos carros elétricos. De acordo com a lei, as baterias de lítio recebem a maior parte desse investimento. São US$ 940 milhões em concessões a fornecedores de insumos, fabricantes e recicladores.
“O Afeganistão precisa, antes de tudo, ser pacificado”
Renatho Costa, especialista em Oriente Médio
Segundo Renatho Costa, especialista em Oriente Médio e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, levar os dividendos desse mercado à população afegã não é tão fácil. “O país tem um governo extremamente corrupto. É preciso um novo modelo de administração”, diz. Além disso, o grupo armado Talebã, que trava uma guerra contra as forças de ocupação americanas, pode inviabilizar a exploração. “O Afeganistão precisa, antes de tudo, ser pacificado”, afirma.
Além da instabilidade política, deve-se considerar que a mineração não garante lucros em um curto prazo. E que eles não necessariamente melhoram as condições de vida da população. Basta lembrar que a Bolívia detém metade das reservas mundiais de lítio e continua tendo alguns dos piores indicadores sociais do mundo. “O ganho de exploração sobre o minério bruto é muito pequeno. É preciso uma indústria que faça um beneficiamento mínimo”, diz João Zuffo, coordenador do Laboratório de Circuitos Integráveis da Universidade de São Paulo (USP).
Gostei da matéria, sou curiosa, sempre que posso compro livros que falam desse povo. Abraço
ResponderExcluirOi colega. Cuidado:Estou te seguindo hehehehehe
ResponderExcluirObrigada pela visita e parabéns pelo teu blog. Vou usá-lo como referência de pesquisa.
http://georuyzao.blogspot.com/